O ministro das Relações Exteriores da Grécia, Nikos Dendias, embarcou na terça-feira em uma excursão pelas capitais árabes para reforçar o apoio à Grécia em seu mais recente impasse diplomático com a Turquia nas fronteiras marítimas.
A princípio, a disputa foi desencadeada pela assinatura da Turquia, em 27 de novembro, de dois acordos de jurisdição marítima com o Governo do Acordo Nacional na Líbia. Eles concedem à Turquia e à Líbia uma área marítima visto que Grécia também a reivindica como parte do território marítimo de suas ilhas e que Atenas e Ancara acreditam que podem ser a chave para os lucrativos recursos de gás.
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Dendias começou sua turnê em Riad na terça-feira, onde se encontrou com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman.
“Temos um entendimento comum de que esses memorandos criam um problema na região mais ampla. Continuaremos a monitorar a situação e entrar em contato para coordenar as iniciativas” disse Dendias.
Segundo a Agência de Notícias de Atenas, administrada pelo estado. Dendias também se reuniu com o então ministro das Relações Exteriores Saudita, Faisal bin Farhan Al Saud, o ministro de Relações Exteriores Adel al-Jubeir e o governador do fundo de investimento público, Yasir Othman Al-Rumayyan.
Visitas
Dendias pretende viaja para Amã na quinta-feira, porem, a grande parte do foco das suas viagens está em Abu Dhabi, onde deve chegar na quarta-feira.
“É o resultado de uma proposta do governo anterior do Syriza de criar um novo fórum tripartido entre a Grécia, Chipre e os Emirados Árabes Unidos. É uma tentativa de responder aos mais recentes desafios nas relações greco-turcas”, disse um ex-diplomata à Al Jazeera sob condição de anonimato.
Sob o governo da então esquerda de Syriza, a Grécia e Chipre criaram arenas políticas com a Jordânia, Palestina, Israel e Egito, em um esforço para reunir sua influência diplomática e enfrentar o que consideram uma crescente ameaça turca. Dendias e seu colega cipriota estavam ambos em Abu Dhabi no mês passado.
“Os Emirados Árabes Unidos são nosso aliado árabe mais próximo bem como o Egito. Alem dos interesses comerciais, a Grécia e os Emirados Árabes Unidos realizaram exercícios militares conjuntos”.
Efthymios Tsiliopoulos é analista de defesa do Defence-point.gr. e disse o seguinte:
“Os caças Mirage dos Emirados Árabes Unidos participaram do exercício da força aérea multinacional Iniohos em 2017 e em abril deste ano. Junto com caças dos Estados Unidos, Grécia, Israel e Itália na Base da Força Aérea de Andravida, no sul da Grécia
O Programa de Cooperação Militar [MCP] entre a Grécia e os Emirados Árabes Unidos foi assinado em Atenas em 9 de dezembro. O MCP inclui ações nas áreas de negócios, exercícios, treinamento e informação.” disse ele à Al Jazeera .
Diplomacia
A Grécia embarcou em uma contra-ofensiva diplomática para isolar a Turquia e garantir que o acordo de Ancara com Trípoli nunca entre em vigor.
Antes de sua turnê árabe, Dendias se encontrou com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em Genebra, na segunda-feira.
A Grécia pediu à ONU que não registre o acordo Turquia-Líbia em seu arquivo, dizendo que é contrário ao Direito Internacional do Mar, observando que foi denunciado pelos EUA e pela Rússia, bem como pelos vizinhos regionais Israel e Egito. A Líbia fez um pedido semelhante à ONU.
Guterres disse que encaminhará o assunto ao departamento de serviços jurídicos da ONU.
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Na semana passada, a União Européia disse que o acordo “viola os direitos soberanos de países terceiros. Igualmente, não cumpre a Lei do Mar e não pode produzir conseqüências legais para países terceiros”. O que significa que a UE não considera legalmente obrigatório para os membros da UE, bem como a Grécia.
“O Conselho Europeu reafirma inequivocamente sua solidariedade com a Grécia e Chipre em relação a essas ações da Turquia”, afirmou a UE em comunicado.
A UE também ameaçou sancionar a Turquia por enviar navios de exploração estatais à procura de petróleo e gás na Zona Econômica Exclusiva de Chipre, membro da UE.
Por fim, uma autoridade diplomática grega disse que Atenas também está acelerando os processos para concordar com o delineamento de suas fronteiras marítimas com a Itália e o Egito.
Fonte: The Libyan Report